Enila Gogogogogogogo

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A operadora quer demonstrar, com isso, que é falsa a afirmação de que eles eram pressionados a receitar o “kit Covid”

 

Mônica Bergamo
SÃO PAULO, SP

A Prevent Senior vai encaminhar ao Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp) documentos que provam que médicos que hoje a denunciam receitaram hidroxicloroquina para eles próprios e para seus familiares. A operadora quer demonstrar, com isso, que é falsa a afirmação de que eles eram pressionados a receitar o “kit Covid”, um pacote de remédios ineficazes contra a Covid-19.

Além de hidroxicloroquina, o kit receitado pelos profissionais continha ivermectina, azitromicina e vitaminas. Pelo menos dois médicos que já se expuseram para fazer as denúncias estão no dossiê da Prevent Senior: George Joppert e Walter Correa.

Questionados pela reportagem, os dois se negaram a esclarecer, num primeiro momento, se tinham ou não receitado o medicamento para si mesmos e para seus familiares. “Isso é uma arapuca”, respondeu Walter Correa à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Ele afirmou, no entanto, que teve Covid-19, mas nunca tomou hidroxicloroquina. “Vou tomar isso?”, disse.

Já a advogada dos médicos, Bruna Morato, confirmou a informação de que os médicos receitaram o medicamento para si mesmos e para seus parentes. “É verdade”, afirmou ela. Bruna Morato afirma que a informação “só comprova” que a Prevent Senior pressionava os profissionais a indicarem o “kit Covid” aos pacientes. “A Prevent está me fazendo um favor gigante”, afirma.

Segundo a advogada, todos os médicos da operadora e seus familiares eram segurados da Prevent Senior.
Sempre que algum deles tinha algum sintoma que poderia indicar infecção pelo novo coronavírus, tinha que retirar medicamentos do “kit Covid”. “Eles eram obrigados a prescrever não apenas para os pacientes gerais da operadora, mas também para si mesmos e para os familiares”, diz ela.

Bruna Morato afirma que isso ocorria “quando eles apresentavam qualquer sintoma, mesmo que fosse apenas dor de cabeça, uma febre ou qualquer outro sintoma gripal”. A advogada diz que isso era admissível no começo da epidemia, quando não havia ainda comprovação de que o “kit Covid” não funcionava. Mas que a ineficácia foi comprovada, e mesmo assim a Prevent seguiu pressionando para que o kit fosse entregue aos pacientes.